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É primavera em Kosovo. O inverno terminou, mas apenas no sentido meteorológico do termo. Nos campos e nas cidades, o frio ainda habita os corações em ruínas e queima sem piedade as almas dos habitantes da região. O sol apenas ilumina as marcas deixadas por uma guerra sangrenta que dilacerou a região da ex-Iugoslávia. Ali nasceram Violeta, Besarta, Edmond, Valdrin, Miljana e Jelena, crianças albanesas e sérvias que aqui contam suas histórias, sempre em preto-e-branco, mas pontilhadas por imagens coloridas filmadas por eles mesmos em Super 8. Ao batizar seu filme com a palavra “crianças” em albanês e em sérvio, o diretor húngaro Ferenc Moldoványi chama a atenção para um vocábulo sempre desprezado em tempos de guerra. “Trata-se de uma guerra tribal, repleta de ódio racial, em um mundo civilizado e high-tech como a Europa na virada do milênio: um vergonhoso e incompreensível paradoxo”, diz o diretor.