Arquivo

Juha é baseado no romance homônimo do escritor finlandês Juhani Aho (1861-1921). A história é simples: uma inocente dona-de-casa é seduzida por um charmoso trapaceiro e abandona seu casamento. Aki Kaurismaki optou por fazer um filme preto-e-branco e sem diálogos (apenas a trilha sonora composta por Anssi Tikanmaki). “Isto significa”, explica o cineasta, “que o romance não é silencioso, mas o filme é preenchido com música”. Segundo o diretor, a literatura está repleta de triângulos dramáticos, mas poucos tão intensos e bem construídos como o do romance Juha, de 1911: “O enredo é direto e forte, ainda que cheio de detalhes, apenas esperando para ser arruinado pelo cinema”. “Quase todos os esforços para fazer um filme silencioso nas últimas décadas fracassaram”, acredita o diretor. “A facilidade de explicar tudo com palavras poluiu nossos roteiros e fez de nossa produção uma pálida sombra do cinema original. As histórias perderam sua pureza, a essência do cinema: a inocência.”