07/11/2024
A 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ocorreu entre os dias 17 e 30 de outubro. Durante suas duas semanas, a edição de 2024 do evento exibiu 419 títulos de 82 países. A seleção fez um apanhado do que o cinema contemporâneo mundial tem produzido, além de apresentar novas tendências, temáticas, narrativas e estéticas, e homenagear cineastas e produções fundamentais da cinematografia mundial.
A arte do cartaz desta edição foi assinada pelo cineasta indiano Satyajit Ray (1921-1992). O diretor também ganhou uma retrospectiva no festival, que reuniu sete filmes da primeira e mais decisiva década da filmografia de Ray, em títulos que traçam uma delicada radiografia das transformações e tensões da sociedade indiana.
A homenagem a Satyajit Ray lançou luz ao convidado de honra desta Mostra: o cinema indiano. O Foco Índia trouxe uma seleção de filmes indianos contemporâneos na Mostra e revelou que os cineastas das novas gerações seguem atentos para captar as realidades de um país em que modernidade, tradição, exuberância e simplicidade caminham juntas. Foram apresentados títulos exibidos e premiados em festivais como os de Cannes, Berlim e Veneza e que nos levaram até essa cultura que parece distante, mas que o cinema torna muito mais próxima.
A cerimônia de abertura ocorreu no dia 16 de outubro, na Sala São Paulo, e teve a exibição do longa-metragem “Maria Callas”, de Pablo Larraín. Confira como foi a cerimônia de abertura da 48ª Mostra.
A Sala São Paulo também abrigou a abertura de outro evento no dia 17 de outubro: a 1ª Mostrinha. Dedicada à infância e à juventude, e pensando na nova geração de espectadores, a 1ª Mostrinha apresentou 23 títulos. A abertura teve a exibição da animação “Arca de Noé”, de Sérgio Machado e Alois Di Leo, uma coprodução entre Brasil e Índia.
Pelo segundo ano, a área externa da Cinemateca Brasileira recebeu uma programação especial durante a 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O Espaço Petrobras na Mostra contou com exibição de filmes, bate-papos e apresentações musicais.
A programação da Mostra também apresentou sessões especiais no Vale do Anhangabaú, em uma estrutura montada debaixo do Viaduto do Chá, com a exibição de "3 Obás de Xangô" no dia 17 de outubro, e no Museu da Língua Portuguesa, com a apresentação do filme “Pele de Vidro”, no dia 25.
Além da da retrospectiva de Satyajit Ray, a Mostra exibiu cinco filme que celebraram o centenário de Marcello Mastroianni, e três filmes do pioneiro cineasta palestino Michel Khleifi.
Os cineastas homenageados deste ano foram Francis Ford Coppola, com o Prêmio Leon Cakoff, Raoul Peck, com o Prêmio Humanidade, e Rogério Sganzerla, com a apresentação da nova cópia de "Abismu", no ano em que lembramos das duas décadas da morte do cineasta brasileiro.
Leia mais sobre os homenageados e cineastas que tiveram retrospectivas na 48ª Mostra.
Para celebrar os 50 anos da Revolução dos Cravos, levante de 1974 que pôs fim ao regime autoritário salazarista em Portugal, a Mostra exibiu a versão restaurada do filme "Capitães de Abril" (2000), no dia 19 de outubro. Dirigido por Maria de Medeiros, a apresentação do filme contou com a presença da cineasta e atriz portuguesa.
A exibição de filmes acompanhados por apresentações musicais é uma tradição na Mostra. Nesta edição, o festival trouxe para a programação o formato do Cine-Concerto, uma apresentação com trilha sonora tocada ao vivo e em tempo real, que ocorreu durante as exibições especiais de cada um dos filmes dirigidos por Rodrigo Areias presentes na Mostra: “A Pedra Sonha Dar Flor”, com apresentação musical de Dada Garbeck, “O Pior Homem de Londres”, com apresentação musical de Samuel Martins Coelho, e “Surdina”, com apresentação musical de Tó Trips. As exibições ocorreram na Cinemateca entre os dias 20 e 22 de outubro.
A Brada (Coletivo de Diretoras de Arte do Brasil) esteve presente novamente na Mostra destacando o trabalho criativo, visual e sensorial realizado pela equipe de direção de arte. Neste ano, o coletivo realizou duas mesas de debate no dia 21 de outubro, na Cinemateca. Como resultado da parceria entre o coletivo com a Mostra, o Prêmio BRADA de Direção de Arte foi entregue pelo terceiro ano na cerimônia de encerramento.
Entre os dias 24 e 26 de outubro aconteceu o IV Encontro de Ideias Audiovisuais na Cinemateca Brasileira. Organizado pela Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o Encontro de Ideias Audiovisuais engloba o Fórum Mostra, o Mercado, e o Da Palavra à Imagem, e reuniu o público e representantes do mercado em um espaço para discutir o audiovisual nos seus aspectos artísticos, mercadológicos e políticos, além de um ambiente para trocas, relacionamentos, negócios e ativações. Confira como foram as mesas do IV Encontro de Ideias Audiovisuais.
Espaço tradicional para diferentes interlocuções sobre cinema e seus aspectos estéticos, criativos, sociais e culturais, a Mostra realizou três mesas da masterclass Cinema Falado. No dia 22, o Espaço Petrobras na Mostra recebeu "A evolução do cinema e as mudanças sociais e culturais da Índia", com os jornalistas Shobhan Saxena e Florência Costa, no dia 26, o ciclo Da Palavra à Imagem apresentou “A arte da adaptação: reflexões", com os autores Jeferson Tenório e Ricardo Tiezzi, e no dia 29, na Sala Oscarito, foi ministrada “Cinema das Atrações”, pelo videoartista, montador e pesquisador Raimo Benedetti. Confira como foram as masterclasses.
Geraldo Sarno, figura incontornável do cinema brasileiro, teve a exibição da cópia restaurada de seu curta-metragem “Auto de Vitória” (1966), filme considerado perdido. A exibição aconteceu na Cinemateca Brasileira, no dia 23 de outubro, e foi acompanhada de um debate sobre o filme e o realizador.
A 48ª Mostra deu continuidade ao seu olhar sobre a memória e a preservação do cinema. Em meio a centenas de filmes contemporâneos, também apresentou obras restauradas, títulos raros, novas cópias de clássicos e filmes a serem redescobertos. Saiba mais sobre os filmes restaurados apresentados na Mostra.
No dia 28, a Cinemateca Brasileira recebeu uma programação especial sobre o tema, com a exibição de dois filmes nacionais restaurados: os longas "Também Somos Irmãos" (1949), de José Carlos Burle, e "Um É Pouco, Dois É Bom" (1970), de Odilon Lopez. O projeção dos filmes foi seguida de um debate sobre o processo de restauro das obras e a importância dos dois filmes para o movimento negro.
Em 27 de outubro, a Mostra exibiu o filme “Cine-Olho” (1924), título que comemorou 100 anos em 2024. Dirigido pelo cineasta soviético Dziga Vertov, a sessão única do filme aconteceu na Cinemateca Brasileira, e foi acompanhada de um debate.
O local também recebeu, no dia 29, a sessão especial e gratuita do filme "Retrato de um Certo Oriente", de Marcelo Gomes. Antes da sessão, houve um debate com presença do escritor Milton Hatoum, autor da obra na qual o filme foi baseado.
No dia 30 de outubro, aconteceu a cerimônia de encerramento da Mostra, onde foram revelados os filmes premiados pela crítica, público e pelo Júri, que neste ano teve entre seus integrantes a atriz brasileira Camila Pitanga, o ator e cineasta português Gonçalo Waddington, a curadora e produtora Hebe Tabachnik, o produtor Kyle Stroud, o diretor e escritor iraniano Mohsen Makhmalbaf e o crítico de cinema francês Thierry Meranger. Confira a lista dos premiados da 48ª Mostra.
A cerimônia de premiação ocorreu no Espaço Petrobras, na Cinemateca, e contou também com a presença do diretor Francis Ford Coppola, que recebeu o Prêmio Leon Cakoff e apresentou seu mais recente trabalho, "Megalópolis", filme de encerramento da 48ª Mostra.